Em
Portugal foi só na década de 90, por influência de outros países, nomeadamente
europeus, que começaram a surgir alguns programas e projetos tendo em vista a
avaliação externa e a implementação da autoavaliação nas organizações
escolares.
O
projeto piloto Avaliação da Qualidade na Educação Escolar foi lançado em 1997-1998,
pela comunidade europeia, que lançou as bases para a prática de autoavaliação.
Portugal
foi o único país que deu continuidade ao projeto, através do projeto Qualidade
XXI (1999-2002) da iniciativa do Instituto de Inovação Educacional. Este projeto
consistiu numa simplificação de procedimentos, introduziu uma perspetiva
sistémica e reforçou o carácter participativo (Alaíz, Góis e Gonçalves, 2003),
tendo como suporte quatro temáticas fundamentais da política e da estratégia
educativa:
1- resultados
da aprendizagem;
2- processos
internos ao nível da sala de aula;
3- processos
internos ao nível da escola;
4- interações
com o contexto.
Este
Projeto, Qualidade XXI, definiu diversos objetivos:
- fomentar o uso sistemático de dispositivos
de autoavaliação por parte das escolas básicas e secundárias;
-
fomentar e enriquecer a reflexão sobre as questões relativas à avaliação e à
construção da qualidade educacional;
-
permitir a fundamentação de decisões sobre esta matéria, aos diversos níveis;
-
criar condições para a longo prazo, se proceder à generalização progressiva de
estratégias de autoavaliação nas escolas.
Entre
1999 e 2002, a Inspeção Geral de Educação (IGE) desenvolveu o programa
Avaliação Integrada das Escolas, que consistia numa atividade de avaliação
externa, assente em três princípios:
1- intervenção
estratégica e integrada (incluindo meios, processos, resultados e atores);
2- convergência
de interesses (interna e externa);
3- intervenção intencional e com
consequências.
A
Avaliação Integrada tinha como objetivos:
- valorizar as aprendizagens e a
qualidade da experiência escolar dos alunos;
- devolver informação de regulação
às escolas;
- induzir processos de
autoavaliação como a melhor estratégia para garantir a qualidade educativa,
consolidar a autonomia das escolas e responsabilizar os atores;
- criar níveis elevados de exigência
no desempenho global de cada escola;
- desempenhar uma das funções de
regulação do funcionamento do sistema educativo;
- disponibilizar informação e caraterizar
o desempenho do sistema escolar através de um relatório nacional.
(IGE, 2002).
Este
modelo permitia destacar os pontos fortes e fracos da escola, prestar contas do
desempenho do sistema educativo e encorajar as escolas a desenvolverem
processos de autoavaliação.
A
avaliação tinha em conta os fatores do contexto social e familiar dos alunos, e
estava estruturada em quatro dimensões estratégicas:
1- a
avaliação de resultados;
2- a
organização e gestão escolar;
3- educação,
ensino e as aprendizagens;
4- o
clima e ambiente educativos.
Entre
2005 e 2006, a IGE desenvolve um novo projeto de avaliação externa -
Efetividade da Autoavaliação das Escolas - para aferir a efetividade da autoavaliação
das escolas. Este novo projeto visava, por um lado, desenvolver uma atitude
crítica e de autoquestionamento do trabalho desenvolvido nas escolas e, por
outro, obter uma panorâmica do estado das dinâmicas de autoavaliação.
Através
deste modelo pretendia-se “examinar os
níveis de qualidade alcançados no planeamento e na organização, bem como na
realização e seus efeitos nos resultados educativos” (IGE, 2005, p.4),
sendo constituído por nove indicadores de qualidade, agrupados em quatro áreas chave:
1- visão
e estratégia da autoavaliação;
2- autoavaliação
e valorização dos recursos;
3- autoavaliação
e valorização dos processos estratégicos;
4- autoavaliação
e efeitos nos resultados educativos.
Para
regulamentar os vários programas e projetos que se foram desenvolvendo nestes
últimos anos, publica-se a Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, que instituiu
“um sistema de avaliação da educação e do ensino não superior” com carácter
obrigatório. Contudo, a Lei só começou a ter impacto em 2006, quando o
Ministério da Educação assumiu a avaliação externa das escolas como uma das
prioridades da sua agenda política, depois de ter promovido um projeto piloto
abrangendo 24 escolas, e de em 2006/07 ter atribuído à Inspeção Geral da
Educação o programa Avaliação Externa das Escolas.
Esta
lei tem subjacente um modelo de avaliação das escolas que integra a
autoavaliação a realizar em cada unidade de gestão e a avaliação externa, com
vista a construir uma escola de qualidade, com verdadeira autonomia, numa
perspetiva de desenvolvimento organizacional.
Bibliografia:
Alaíz,
V., Góis, E. & Gonçalves, C. (2003). Auto-avaliação de escolas – pensar e
praticar. Porto: Edições Asa.
Fialho, I. (2009). A
qualidade de ensino e a avaliação das escolas em Portugal. Contributos para a
sua história recente. Educação. Temas e problemas – Avaliação, qualidade e
formação, 7 (4), 99-116.
Inspecção
Geral de Educação (2002). Avaliação
integrada das escolas. Apresentação e procedimentos.
http://www.ige.min-edu.pt/upload/GTAA/AIE_Apres&Proced.pdf
Inspecção
Geral de Educação (2005). Programa Aferição da Efectividade da Autoavaliação
das escolas. Roteiro. http://www.ige.min-edu.pt/upload/ROTEIROS/Efectividade_AAE_Roteiro_2005.pdf
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